Serradela (Ornithopus sativus Brot.): Uma Forrageira Promissora para o Inverno
Estudos sobre o uso das principais leguminosas - Serradela Série: Leguminosas Forrageiras Texto técnico /Revisão de literatura (nº3) Autor: Délcio Rocha
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Doutor Zoo
1/10/2023
Serradela (Ornithopus sativus Brot.): Uma Forrageira Promissora para o Inverno
Estudos sobre o uso das principais leguminosas forrageiras
Série: Leguminosas Forrageiras
Texto técnico /Revisão de literatura (nº3)
Autor: Délcio Rocha
Introdução
A serradela, conhecida cientificamente como Ornithopus sativus Brot., é uma espécie forrageira de grande relevância, especialmente quando cultivada como planta anual durante o inverno. Prominente nas regiões de clima temperado, ela se destaca por sua rusticidade e adaptabilidade, desempenhando um papel fundamental na agricultura.
Esta leguminosa é notável por sua capacidade de se desenvolver em solos pobres e ácidos, onde muitas outras espécies não prosperam. Sua rusticidade não apenas facilita o manejo agrícola, como também minimiza a necessidade de insumos externos, tornando-se uma opção ecologicamente sustentável para os agricultores. Além disso, a serradela possui uma excelente resistência a condições adversas típicas do inverno, como geadas e baixas temperaturas.
Uma das principais características da serradela é a sua capacidade de fixação biológica de nitrogênio, um processo que beneficia diretamente a saúde do solo, melhorando sua fertilidade a longo prazo. Esse aspecto é particularmente relevante para a rotação de culturas, contribuindo para uma gestão agrícola mais eficiente e sustentável.
Além dos benefícios agronômicos, a serradela oferece uma fonte nutritiva de forragem para o gado durante os meses de inverno, quando outras pastagens podem ser menos produtivas. Sua composição rica em proteínas e fibras torna-a uma excelente opção para suplementar a alimentação animal, garantindo um fornecimento constante de nutrientes essenciais.
Dada sua adaptabilidade e benefícios, a serradela se apresenta como uma forrageira promissora, especialmente em contextos onde a sustentabilidade e a resiliência são prioridades. Este panorama inicial sublinha a importância da serradela como uma cultura estratégica para a agricultura moderna, oferecendo vantagens tanto econômicas quanto ambientais.
Características Morfológicas
A Serradela (Ornithopus sativus Brot.) apresenta uma série de características morfológicas que a tornam uma forrageira eficiente e adaptada para o inverno. Sua estrutura morfológica inclui caules prostrados e pubescentes, que têm a capacidade de atingir até um metro de altura. Esta característica facilita a planta em se adaptar e crescer de maneira densa, cobrindo o solo eficientemente e, assim, reduzindo a germinação de ervas daninhas.
As folhas da serradela são compostas, usualmente apresentando entre 12 a 20 folíolos em cada folha. Estes folíolos são oblongos ou elípticos, de palavra lisa e margens inteiras, proporcionando uma área fotossintética significativa. A cor das folhas pode variar do verde claro ao verde médio, dependendo do estágio de desenvolvimento e das condições ambientais.
Florescem em inflorescências do tipo umbela, geralmente localizada na extremidade dos ramos. Cada inflorescência pode conter de 3 a 8 flores, que são pequenas e de coloração branca ou rosada, com uma estrutura bilabiada típica das leguminosas. A floração se estende por várias semanas, favorecendo o fornecimento contínuo de pólen e néctar, o que é benéfico para a apicultura.
Os frutos da Serradela são leguminosos lineares, ligeiramente curvados e segmentados. Cada fruto contém vários segmentos, denominados mericarpos, dentro dos quais se desenvolvem as sementes. As sementes são pequenas, de formato oblongo e de coloração variando do cinza-esverdeado ao marrom claro. A presença de um invólucro papiráceo ao redor das sementes facilita sua dispersão e proteção contra fatores adversos do meio ambiente.
Estas características morfológicas não apenas definem a Serradela como uma planta robusta e versátil, mas também sublinham sua capacidade adaptativa e a eficiência de seu uso como forrageira, especialmente em climas mais frios e durante o período do inverno.
Adaptação ao Clima e Solo
A serradela (Ornithopus sativus Brot.) apresenta uma notável adaptação ao clima temperado, particularmente favorecendo climas com invernos frios. Essa característica a torna uma opção viável para períodos em que outras forrageiras não apresentam os mesmos níveis de resistência. A sua tolerância ao frio é um dos fatores de destaque, visto que a planta pode suportar geadas leves sem comprometer significativamente seu desenvolvimento e produção. Essa resiliência ao frio permite que a serradela seja cultivada em regiões onde as temperaturas podem cair consideravelmente durante o inverno.
Em relação às suas exigências hídricas, a serradela necessita de umidade constante para se desenvolver adequadamente. No entanto, é crucial evitar solos encharcados, uma vez que a planta não tolera condições de excesso de água. Solos com boa drenagem são, portanto, essenciais para o cultivo bem-sucedido da serradela. Se a umidade excessiva persiste, há um risco elevado de doenças radiculares que podem comprometer a saúde da planta.
Quanto aos tipos de solo mais adequados para a serradela, a planta mostra uma preferência por solos arenosos a franco-arenosos, que garantem boa drenagem e condições ideais de desenvolvimento radicular. Além disso, solos com níveis moderados de fertilidade são suficientes para suportar o crescimento da serradela. Contudo, práticas agrícolas que garantam a manutenção da fertilidade do solo, como a rotação de culturas e a adição de matéria orgânica, são recomendáveis para maximizar a produtividade da planta.
Portanto, considerando suas adaptações climáticas e exigências de solo, a serradela se torna uma excelente opção para inserção em sistemas de produção de forragem durante o inverno, possibilitando a exploração de áreas que estariam improdutivas em épocas frias e melhorando a sustentabilidade das pastagens.
Valor Nutricional e Palatabilidade
A Serradela (Ornithopus sativus Brot.) destaca-se pelo seu valor nutricional excepcional, tornando-se uma opção atrativa para a alimentação de rebanhos no inverno. Esta forragem é particularmente rica em proteínas, apresentando uma proporção proteica significativamente elevada quando comparada a outras leguminosas forrageiras comuns. A proteína é um componente vital para o crescimento e manutenção dos animais, desempenhando um papel crucial na síntese de tecidos, enzimas e hormônios. O teor de proteína na serradela pode contribuir para melhorias substanciais no ganho de peso e na produção de leite em gado de corte e leiteiro, respectivamente.
Além de sua alta concentração de proteína, a serradela possui uma palatabilidade notável. A aceitação dessa forragem pelos animais é elevada, o que facilita a ingestão de quantidades adequadas de nutrientes necessários para sustentar um bom desempenho produtivo durante o inverno.
A palatabilidade é um fator determinante na eficiência alimentar, pois maximiza o consumo e aumenta a conversão dos nutrientes ingeridos em energia utilizável para o crescimento e produção. A textura e sabor da serradela são favoráveis, sendo bem aceitos tanto por ruminantes quanto por outras espécies de pastoreio.
Estudos demonstram que a inclusão de serradela na dieta dos rebanhos pode levar a uma melhoria no estado de saúde geral dos animais, graças à contribuição das proteínas de alta qualidade e do equilíbrio nutricional oferecidos por esta forragem. Assim, ao incorporar serradela na alimentação, os criadores podem esperar não apenas uma manutenção eficiente do peso dos animais durante períodos de menor disponibilidade de recursos forrageiros, mas também uma potencial melhoria na performance produtiva.
Benefícios da Serradela para a Agricultura e Pecuária
A serradela (Ornithopus sativus Brot.) oferece uma gama diversificada de vantagens tanto para a agricultura quanto para a pecuária, posicionando-se como uma forrageira promissora. Um dos principais benefícios é sua contribuição significativa para a melhoria da qualidade do solo. Essa planta é conhecida por sua capacidade de fixação biológica de nitrogênio, que enriquece o solo com esse nutriente essencial, reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos. Essa propriedade torna a serradela uma excelente escolha para o manejo sustentável do solo.
A inclusão da serradela em sistemas de manejo de pastagens também apresenta inúmeras vantagens. Esta forrageira é altamente nutritiva, fornecendo uma alimentação rica em proteínas para o gado durante o inverno, uma época crítica quando a disponibilidade e a qualidade das pastagens geralmente diminuem. Além disso, a serradela possui uma boa resistência ao frio, garantindo a produção de forragem mesmo em condições climáticas adversas. Isso contribui para a manutenção da saúde e produtividade dos animais ao longo do ano.
Outro aspecto relevante é a integração da serradela em rotações de culturas. Quando utilizada como parte de um sistema rotacional, ela ajuda no manejo eficiente de ervas daninhas e na quebra de ciclos de pragas e doenças, promovendo a saúde geral das culturas subsequentes. A introdução de serradela nas rotações pode reduzir a pressão de pragas específicas, diminuindo, consequentemente, a dependência de pesticidas e outros métodos de controle químico.
Esses múltiplos benefícios refletem-se na sustentabilidade e produtividade das propriedades rurais. A serradela não só melhora a fertilidade do solo e o manejo das pastagens, mas também fortalece a resiliência das operações agrícolas contra flutuações climáticas e outros desafios ambientais. Assim, a adoção da serradela pode contribuir para um aumento da rentabilidade e sustentabilidade a longo prazo nas atividades agropecuárias.
Práticas de Cultivo e Manejo
A serradela (Ornithopus sativus Brot.) é uma forrageira notável que, quando bem manejada, pode fornecer excelentes rendimentos durante os períodos de inverno. A preparação do solo é um passo crucial para o sucesso do cultivo. É essencial realizar uma análise de solo para ajustar o pH e garantir a disponibilidade de nutrientes necessários. Solos bem drenados com textura arenosa-limosa são ideais para o crescimento saudável da serradela.
O plantio deve ser feito preferencialmente no início do outono, garantindo que as sementes tenham tempo suficiente para germinar antes da chegada do inverno rigoroso. A densidade de semeadura recomendada é de aproximadamente 10-15 kg/ha, distribuída uniformemente para assegurar uma cobertura homogênea do solo. A escolha de sementes de alta qualidade e certificadas é fundamental para minimizar problemas futuros com germinação e pureza varietal.
A irrigação deve ser ajustada de acordo com as condições climáticas locais e o estágio de desenvolvimento das plantas. Durante os estágios iniciais, é vital manter o solo úmido, mas evitar encharcamento, que pode predispor as plantas a doenças radiculares. Após o estabelecimento, a serradela é relativamente tolerante a condições de seca, mas uma irrigação suplementar pode ser necessária em períodos de baixa pluviosidade.
O controle de pragas e doenças é um aspecto integral do manejo da serradela. O monitoramento constante do campo e a aplicação de medidas preventivas, como a rotação de culturas e o uso de variedades resistentes, são práticas recomendadas. Em casos de infestações severas, o uso prudente de pesticidas certificados pode ser necessário, sempre observando os períodos de carência e as recomendações técnicas.
A colheita deve ser realizada quando a serradela atingir o ponto ideal de desenvolvimento, aproximadamente 100-130 dias após o plantio. A melhor época para a colheita é quando as plantas começam a formar vagens, o que resulta em forragem de alta qualidade e nutritiva. Recomenda-se utilizar equipamentos adequados para evitar danos às plantas e garantir a máxima eficiência de colheita.
Para maximizar os rendimentos e a qualidade da forragem, é essencial seguir práticas de cultivo e manejo baseadas em pesquisa e adaptação às condições específicas da propriedade. A adição de fertilizantes orgânicos, o manejo correto da irrigação e o monitoramento constante são medidas que, quando implementadas corretamente, asseguram uma produção sustentável e de alta qualidade.
Referências
CARVALHO, I. R.; SOUZA, V. Q.; NARDINO, M.; OLIVEIRA, A. C. Resultados experimentais em plantas forrageiras. Porto Alegre: Cidadela, 2016. (v. 50).
CARVALHO, I. R.; SZARESKI, V. J.; DEMARI, G.; SOUZA, V. Q. Produção e cultivo de espécies forrageiras. Porto Alegre: Cidadela, 2018. (v. 100)
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4588298/mod_resource/content/1/Leguminosas.pdf
https://elevagro.com/blog/caracterizacao-de-especies-leguminosas-forrageiras-parte-1/
http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/li/li01-forrageiras/cap12.pdf
https://www.matsuda.com.br/sementes-forrageiras/leguminosas-forrageiras
Como Citar:
Portal AGROECOBRASIL. ROCHA, Délcio César Cordeiro. Serradela (Ornithopus sativus Brot.): Uma Forrageira Promissora para o Inverno. Série: Leguminosas Forrageiras nº3. Publicado em 2023 Disponível em: https://agroecobrasil.com/serradela-ornithopus-sativus-brot-uma-forrageira-promissora-para-o-inverno. Acesso em DIA/ MÊS/ ANO
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Sobre o coordenador do Site www.agroecobrasil.com:
Délcio César Cordeiro Rocha
Zootecnista - Escola Superior de Ciências Agrárias de Rio Verde- ESUCARV- GO
Especialista em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Centro-oeste UNIOESTE-PR
Mestrado em Agronegócios - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. UFRGS-RS
Doutor em Zootecnia - Universidade Federal de Viçosa. UFV-MG
Ministra as Disciplinas:
Agroeconegócios
Conservação e Manejo e de Fauna,
Zoologia,
Etologia e Bem Estar Animal,
Animais Silvestres,
Criação e Exploração de Animais Domésticos,
Extensão Rural,
Educação e Interpretação Ambiental
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG / Montes Claros. Para os cursos de Agronomia, Eng. Florestal, Eng. Agrícola e Ambiental , Zootecnia
Coordenador do Grupo de Estudos em Etologia e Bem-estar Animal - GEBEA
Coordenador do PROGRAMA de Extensão: “Ambiente em Foco/ "Meio- ambiente e Cidadania" e dos Projetos:
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