Origem, Mercado e os Benefícios da Mexerica à Saúde
A mexerica (Citrus deliciosa), também conhecida em algumas regiões do Brasil como bergamota, mimosa e ponkan, é um tipo de tangerina (Citrus reticulata), originada na Ásia. Revisão de literatura/ Texto técnico Autor: Délcio Rocha
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Doutor Zoo
3/9/2023
Origem e mercado da Mexerica
Série: Agroeconegócios/Frutas nº3.
Por: Délcio César Cordeiro Rocha
Histórico e Origem
A mexerica (Citrus deliciosa), também conhecida em algumas regiões do Brasil como bergamota, mimosa e ponkan, é um tipo de tangerina (Citrus reticulata), originada na Ásia. Verifica-se que alguns nomes fazem menções à variedades diferentes de tangerina, já outros são formas de referenciar uma mesma fruta. Há ainda a mexerica-do-Rio (Citrus x deliciosa), que também surgiu do cruzamento do pomelo com tangerinas muito antigas.
A mexerica, também conhecida como tangerina ou mandarina, possui uma longa e fascinante história que remonta a milhares de anos. Mexerica é um nome utilizado para referenciar a tangerina montenegrina. Elas costumam ser mais ácidas, menos doces e possuem a casca mais presa aos gomos quando em comparação às ponkans, têm mais óleos na composição da casca, o que faz com que o cheiro da fruta seja mais forte.
Originária do sudeste asiático, especificamente da região da atual China e do norte da Índia, a fruta era apreciada por suas qualidades tanto alimentares quanto medicinais. Registros históricos indicam que os chineses já cultuavam a mexerica há cerca de 3.000 anos, valorizando-a não somente pelo sabor agradável, mas também pelos benefícios à saúde e pelo fato de ser uma fruta relativamente fácil de cultivar.
Com o passar do tempo, a mexerica começou a se espalhar para outras partes da Ásia e posteriormente para o Oriente Médio. As rotas comerciais e expansões imperiais facilitaram a disseminação da fruta, e, ao longo dos séculos, a mexerica chegou à Europa, especialmente pela mão dos portugueses e espanhóis durante o período das Grandes Navegações. No século XIX, a mexerica finalmente alcançou a América do Norte, onde encontrou um ambiente propício para o cultivo, especialmente na Califórnia e na Flórida.
A adaptação da mexerica a diferentes climas e solos é uma das razões para sua ampla distribuição global. Hoje, os principais produtores de mexerica incluem a China, a Espanha, os Estados Unidos e o Brasil, entre outros países. Cada uma dessas regiões desenvolveu variedades próprias de mexericas que se adaptam melhor às condições locais de cultivo e às preferências de mercado.
A expansão global da mexerica não apenas ampliou o acesso a essa deliciosa fruta, mas também promoveu a troca de conhecimento e técnicas de cultivo entre diferentes culturas. Os métodos modernos de produção agrícola e a ciência hortícola continuam a aprimorar a qualidade e a produtividade das plantações de mexericas, garantindo que essa fruta histórica continue a ser uma parte vital da alimentação mundial contemporânea.
Características e Variedades da Mexerica
A mexerica, também conhecida como tangerina, é uma fruta cítrica que apresenta uma diversidade de variedades, cada uma com características botânicas e morfológicas distintas. Com relação à cor, a casca pode variar de um tom verde-amarelado a um laranja vivo, dependendo do grau de maturação e da variedade específica. O pedúnculo da mexerica geralmente retém uma coloração verde, mesmo após a fruta estar plenamente madura.
O tamanho da mexerica pode variar significativamente, indo desde frutos menores, que cabem na palma da mão, até espécimes maiores, semelhantes a pequenas laranjas. A textura da casca também difere entre as variedades: em algumas, ela é lisa e fina, facilitando a abertura; em outras, apresenta uma superfície rugosa e espessa, resistente ao toque.
O sabor da mexerica é um dos seus aspectos mais atraentes. As variedades mais populares, como a Ponkan e a Murcott, são reconhecidas pelo seu sabor intensamente doce e suculento, enquanto outras, como a Cravo, podem oferecer uma combinação de doçura com um leve toque ácido. Independente da variedade, a alta qualidade da polpa se manifesta em segmentos gordos e bem definidos, frequentemente sem sementes ou, quando presentes, com sementes pequenas e pouco numerosas.
Entre as variedades com maior aceitação no mercado, destaca-se a mexerica Ponkan, muito apreciada por sua doçura intensa e facilidade em ser descascada. A mexerica Murcott, por sua vez, combina o sabor doce com um aroma marcante, tornando-se bastante popular. Já a mexerica Dekopon, conhecida por ser uma das maiores variedades, é notável pela baixa acidez e doçura equilibrada.
Em resumo, a diversidade de variedades da mexerica, aliada às suas distintas características de cor, tamanho, textura e sabor, contribui para a alta demanda dessa fruta no mercado. Cada variedade oferece uma experiência sensorial única, tornando a mexerica uma fruta desejada por consumidores de diferentes preferências.
Benefícios à Saúde e Prevenção de Doenças
A mexerica, também conhecida como tangerina, é uma fruta cítrica apreciada não apenas pelo seu sabor refrescante, mas também pelos seus inúmeros benefícios à saúde. Rica em vitaminas, minerais e outros nutrientes essenciais, a mexerica é uma excelente adição a qualquer dieta balanceada.
Uma das principais vitaminas encontradas na mexerica é a vitamina C, um poderoso antioxidante que ajuda a fortalecer o sistema imunológico, protege contra infecções e promove a cicatrização de feridas. A vitamina C também é crucial na produção de colágeno, uma proteína essencial para a saúde da pele, ossos e cartilagens.
Além da vitamina C, a mexerica é rica em vitamina A, que é importante para a saúde ocular, pele e função imunológica. A presença de minerais como potássio e magnésio na fruta auxilia na manutenção da pressão arterial adequada, contribuindo, assim, para a saúde cardiovascular. O potássio, em especial, ajuda a equilibrar os níveis de sódio no organismo, reduzindo o risco de hipertensão.
A mexerica contém fibras dietéticas que são benéficas para o sistema digestivo. O consumo regular desta fruta pode ajudar na prevenção da constipação e na promoção de um intestino saudável. As fibras também desempenham um papel importante no controle dos níveis de açúcar no sangue, o que é particularmente vantajoso para diabéticos.
Estudos científicos indicam que os flavonoides presentes na mexerica, como naringenina e esperidina, possuem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Esses compostos podem ajudar na redução do risco de doenças crônicas, como doenças cardíacas e certos tipos de câncer.
Recomenda-se o consumo diário de mexericas ou suco fresco desta fruta para maximizar seus benefícios à saúde. Uma ou duas frutas por dia são suficientes para atingir a ingestão recomendada de vitaminas e minerais essenciais, promovendo, assim, uma vida mais saudável e longeva.
Cultivo da Mexerica: Época, Formas de Plantio e Solo
O cultivo da mexerica demanda atenção especial às condições climáticas, tipos de solo e técnicas adequadas para assegurar uma colheita saudável e rica em nutrientes. A época ideal para o plantio varia de acordo com a região, mas geralmente se recomenda realizar o plantio no início da primavera, quando as temperaturas são amenas e há menores riscos de geadas tardias.
O solo deve ser bem drenado, fértil e com pH variando entre 5,5 e 6,5. Solos arenosos ou argilosos, desde que bem preparados, também podem ser adequados. A preparação do terreno inclui a aragem profunda para melhorar aeração, seguido de uma adubação orgânica abundante, proporcionando uma base rica para o desenvolvimento das raízes.
Para o plantio, recomenda-se a utilização de mudas certificadas, garantindo plantas livres de doenças. A cova deve ter dimensões adequadas (aproximadamente 50x50x50 cm) em que se adiciona matéria orgânica e fertilizantes específicos para cítricos, como fósforo, potássio e magnésio. O espaçamento entre as plantas é de grande importância; uma distância média de seis metros entre as fileiras e quatro metros entre as plantas é geralmente adequada, permitindo boa circulação de ar e acesso à luz solar.
O manejo de pragas e doenças é crucial. A mexerica é suscetível a algumas pragas comuns como ácaros, cochonilhas e tripes. A utilização de defensivos agrícolas orgânicos pode ser uma alternativa eficaz e ecologicamente sustentável. A irrigação deve ser frequente, mantendo o solo constantemente úmido, especialmente nos primeiros anos após o plantio. Sistemas de irrigação por gotejamento são bastante eficientes, pois garantem uma distribuição uniforme da água e minimizam desperdícios.
A fertilização deve ser monitorada conforme as necessidades da planta, com aplicação de nutrientes adicionais durante o ciclo de crescimento, preferencialmente baseada em análises de solo. Cada fase do crescimento demanda cuidados específicos; a adubação foliar pode complementar as necessidades de micronutrientes e fomentar um desenvolvimento vigoroso.
Essas práticas agronômicas, quando seguidas adequadamente, promovem o crescimento saudável das mexericas, resultando em frutas de alta qualidade e sabor inigualável, atendendo tanto a consumo familiar quanto ao mercado comercial.
Mercado e Consumo: Nacional e Internacional
O mercado de mexerica tem mostrado um dinamismo impressionante tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo. A comercialização da fruta envolve um processo bem estruturado que inclui colheita, seleção, embalagem e distribuição.
No Brasil, a mexerica é amplamente cultivada em estados como São Paulo, Minas Gerais e Paraná, onde as condições climáticas são favoráveis ao desenvolvimento do fruto. Segundo os dados mais recentes do Deral, o município tinha 6,9 mil hectares para plantio em 2022. Naquele ano, a colheita foi de 135,2 mil toneladas de tangerinas.
A embalagem da mexerica desempenha um papel crucial na preservação da qualidade e no prolongamento do prazo de validade. A tecnologia de embalagens modificadas, que controlam o ambiente ao redor da fruta, tem sido uma inovação significativa. Além disso, normas rigorosas de vigilância sanitária são seguidas para garantir a segurança e a qualidade do fruto até que ele chegue ao consumidor final. Organismos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no Brasil e a Food and Drug Administration (FDA) nos Estados Unidos possuem regulamentações que impactam diretamente a forma como a mexerica é embalada e comercializada.
As formas de consumo da mexerica variam bastante de região para região. No Brasil, a fruta é muitas vezes consumida fresca, utilizada em sucos, ou em receitas de culinária. Internacionalmente, a mexerica também encontra espaço em mercados de frutas exóticas e como ingrediente em pratos e bebidas. No Japão, por exemplo, a fruta é muito valorizada em sobremesas e produtos processados, o que adiciona um valor agregado significativo.
As preferências dos consumidores em diferentes regiões também influenciam o mercado da mexerica. Enquanto no Brasil o consumo fresco é predominante, países europeus e asiáticos mostram uma tendência crescente para produtos derivados da mexerica, como óleos essenciais e suplementos alimentares.
Para os próximos anos, as expectativas para o mercado de mexerica são positivas. A demanda crescente por alimentos naturais e saudáveis deve impulsionar ainda mais este mercado. A expansão do comércio eletrônico também promete abrir novas oportunidades para a distribuição e consumo global da fruta. Com o aumento da conscientização sobre os benefícios para a saúde e as novas formas de consumo emergentes, o mercado de mexerica tem tudo para crescer de forma sustentável.
Cadeia Produtiva, Subprodutos e Restrição
A cadeia produtiva da mexerica apresenta uma ampla gama de etapas que vão desde o cultivo, colheita, processamento até a distribuição. Os principais desafios enfrentados pelos produtores incluem a variação climática, pragas, doenças que afetam as laranjeiras e a necessidade de manejo adequado do solo para garantir a máxima qualidade dos frutos. A tecnologia tem sido uma aliada importante na otimização dessas etapas, com o uso de sistemas de irrigação moderna e monitoramento ambiental para reduzir perdas e melhorar a produtividade.
Os subprodutos derivados da mexerica são diversos e amplamente valorizados no mercado. Entre os principais estão os sucos, que podem ser consumidos in natura ou industrializados, os óleos essenciais extraídos da casca, amplamente utilizados na indústria cosmética e alimentícia, e os resíduos orgânicos, que podem ser transformados em biocompostos para a agricultura. Além disso, a extração de componentes bioativos da fruta está sendo estudada para aplicações farmacológicas, devido às suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
Embora a mexerica seja amplamente segura para o consumo, algumas restrições devem ser consideradas. Pessoas com alergias a frutas cítricas devem evitar o consumo, pois podem apresentar reações como coceira, inchaço ou problemas gastrointestinais. Além disso, pode haver interações com medicamentos, especialmente aqueles metabolizados pelo fígado, uma vez que substâncias presentes na mexerica podem influenciar as enzimas hepáticas. Portanto, é fundamental que os consumidores consultem profissionais de saúde antes de adicionar grandes quantidades da fruta à sua dieta, especialmente se estiverem em tratamento medicamentoso.
Para produtores, o foco na melhoria da qualidade e segurança do produto final é crucial. Investimentos em práticas de cultivo sustentáveis, controle rigoroso de pragas e doenças, além de processos de certificação de qualidade, são essenciais para assegurar que a mexerica chegue ao consumidor final em perfeitas condições. A adoção de tecnologias de rastreabilidade também contribui para um melhor controle e transparência na cadeia produtiva.
Referências:
Como Citar:
Portal AGROECOBRASIL. ROCHA, Délcio César Cordeiro. Origem, Mercado e os Benefícios da Mexerica à Saúde. Série: Agroeconegócios/Frutas nº3. Publicado em 2023 Disponível em: https://agroecobrasil.com/origem-mercado-e-os-beneficios-da-mexerica-a-saude. Acesso em DIA/ MÊS/ ANO
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Sobre o coordenador do Site www.agroecobrasil.com:
Délcio César Cordeiro Rocha
Zootecnista - Escola Superior de Ciências Agrárias de Rio Verde- ESUCARV- GO
Especialista em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Centro-oeste UNIOESTE-PR
Mestrado em Agronegócios - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. UFRGS-RS
Doutor em Zootecnia - Universidade Federal de Viçosa. UFV-MG
Ministra as Disciplinas:
Agroeconegócios
Conservação e Manejo e de Fauna,
Zoologia,
Etologia e Bem Estar Animal,
Animais Silvestres,
Criação e Exploração de Animais Domésticos,
Extensão Rural,
Educação e Interpretação Ambiental
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG / Montes Claros. Para os cursos de Agronomia, Eng. Florestal, Eng. Agrícola e Ambiental , Zootecnia
Coordenador do Grupo de Estudos em Etologia e Bem-estar Animal - GEBEA
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