Nabo Forrageiro (Raphanus sativus L.): Características e Utilidades
Estudos sobre o uso das principais leguminosas -Nabo forrageiro Série: Leguminosas Forrageiras Texto técnico /Revisão de literatura (nº5) Autor: Délcio Rocha
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1/13/2023
Nabo Forrageiro (Raphanus sativus L.) e as suas características e utilidades:
Estudos sobre o uso das principais leguminosas forrageiras
Série: Leguminosas Forrageiras
Texto técnico /Revisão de literatura (nº5)
Autor: Délcio César Cordeiro Rocha
Introdução, Origem e Habitat Natural
O nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) é uma planta de ciclo precoce, o que a torna particularmente atrativa para a agricultura sustentável. De fácil cultivo e adaptável a diversas condições climáticas, essa espécie se destaca por sua capacidade de ciclagem de nutrientes essenciais como nitrogênio e fósforo. Tais propriedades são especialmente importantes em sistemas agrícolas que visam reduzir o uso de fertilizantes químicos e, consequentemente, minimizar o impacto ambiental.
Além de promover a ciclagem eficiente de nutrientes, o nabo forrageiro desempenha um papel fundamental na rotação de culturas, uma prática que contribui significativamente para a melhoria da saúde do solo e para o controle de pragas e doenças. A alternância de culturas com o nabo forrageiro ajuda a quebrar o ciclo de patógenos específicos, aumentando a biodiversidade e promovendo um ambiente agrícola mais resiliente.
Outra aplicação relevante do nabo forrageiro é na integração lavoura-pecuária, uma estratégia que maximiza o uso das áreas agrícolas ao conjugar a produção de grãos e a criação de animais. O nabo forrageiro serve como uma excelente fonte de forragem, aportando valor nutritivo significativo para o gado e permitindo uma abordagem mais sustentável e econômica na produção agropecuária. Essa integração também contribui para a melhoria da estrutura do solo e a conservação da umidade, fatores cruciais para a produtividade no longo prazo.
Uma das alternativas de uso segundo a CATI, é a torta para fornecimento ao gado, já que o esmagamento artesanal ou industrial dos grãos produz óleo, torta e farelo. A torta resultante do processo de prensagem mecânica com 93,53% de matéria seca apresenta composição de 39,01% de proteína bruta; 4,98% de matéria mineral; 13,15% de extratos etéreos (gorduras); e 5.064cal/g de energia bruta. Tratando-se de farelos obtidos pelo uso industrial de solventes, a porcentagem de gorduras cai para 1,0 a 0,5% e aumentam proporcionalmente os outros componentes. Como concentrado pode ser usada na formulação de rações para as diversas espécies animais.
Dessa forma, o cultivo do nabo forrageiro representa uma solução multifuncional, alinhando-se aos princípios da sustentabilidade ao proporcionar benefícios agronômicos, econômicos e ambientais. Sejam utilizados para a ciclagem de nutrientes, na rotação de culturas ou na integração lavoura-pecuária, os atributos dessa planta fazem dela uma adição valiosa ao portfólio de práticas agrícolas sustentáveis.
Ciclo de Cultivo e Exigências Climáticas
O Nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) é uma planta que se destaca pela sua adaptabilidade a diversas condições climáticas, sendo essencial para o sucesso da agropecuária sustentável. Este cultivo apresenta um ciclo relativamente curto, geralmente de 60 a 80 dias, o que permite sua inclusão em diversas rotações de culturas e sistemas de produção. Suas exigências climáticas são bastante específicas e influenciam diretamente no desenvolvimento e rendimento final do cultivo.
Em termos de temperaturas, o nabo forrageiro prefere ambientes com clima temperado, continental ou tropical, com temperaturas moderadas. Embora esta planta suporte variações térmicas, temperaturas muito altas ou muito baixas podem comprometer o seu crescimento. O ideal é que a temperatura do ar varie entre 18°C e 25°C durante o período vegetativo. Atingir essa faixa térmica favorece o desenvolvimento da biomassa, essencial para a finalidade forrageira.
A duração do período vegetativo também é um fator crucial. Este período deve ser monitorado com atenção, pois o desenvolvimento da planta e a produtividade estão intimamente ligados ao tempo de exposição às condições climáticas ideais.
Outro aspecto importante é a fotoperiodicidade, pois o nabo forrageiro requer um determinado número de horas de luz para transitar do crescimento vegetativo ao florescimento. Em regiões onde a fotoperiodicidade não é ideal, ajustes no planejamento do plantio podem ser necessários para garantir uma produção eficiente.
O florescimento do nabo forrageiro é sensível tanto às variações de temperatura quanto ao comprimento do dia. Condições climáticas favoráveis durante a floração são vitais para uma boa produção de sementes, que, por sua vez, garante a continuidade do cultivo.
Cultivar o nabo forrageiro em regiões com clima adequado e manejar corretamente o seu ciclo de cultivo são práticas indispensáveis para maximizar sua utilização na sustentabilidade agropecuária.
Utilização na Rotação de Culturas
A prática da rotação de culturas tem ganhado destaque como uma técnica essencial para a manutenção da saúde do solo e para a sustentabilidade agropecuária, e o nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) é uma excelente opção para integrar esses sistemas. Quando inserido de forma estratégica na rotação, o nabo forrageiro pode trazer diversos benefícios, com ênfase na ciclagem de nutrientes e na supressão de pragas e doenças.
Um dos principais atributos do nabo forrageiro na rotação de culturas é a sua capacidade de descompactar o solo e promover uma maior infiltração de água. Suas raízes pivotantes podem penetrar profundamente no solo, rompendo camadas compactadas e facilitando o desenvolvimento das culturas subsequentes. Essa melhoria na estrutura do solo também contribui para uma melhor retenção de nutrientes e para a redução da erosão, fatores cruciais para a produtividade agrícola a longo prazo.
Outro ponto positivo do uso do nabo forrageiro é a ciclagem de nutrientes. Como uma cultura de cobertura, ele absorve nutrientes que poderiam ser perdidos por lixiviação, armazenando-os em sua biomassa. Quando o nabo forrageiro é manejado adequadamente, essas reservas de nutrientes são liberadas de volta ao solo, disponibilizando-os para as culturas subsequentes. Esse processo pode resultar em economias significativas nos custos com fertilizantes, já que há uma menor necessidade de insumos sintéticos para suprir os nutrientes essenciais às plantas.
Por fim, a introdução do nabo forrageiro na rotação de culturas pode ser um aliado na redução de pragas e doenças. A diversificação de espécies cultivadas promove uma quebra do ciclo de vida de pragas específicas e de patógenos do solo, dificultando a sua proliferação e reduzindo a dependência de defensivos químicos.
Assim, ao incorporar o nabo forrageiro na rotação de culturas, os agricultores podem aprimorar a saúde do solo, melhorar a gestão de nutrientes e criar um ambiente menos favorável para pragas e doenças, contribuindo para uma agricultura mais sustentável e economicamente viável.
Aplicações em Cobertura Verde e Consórcio de Culturas
O Raphanus sativus destaca-se como uma planta de cobertura verde de grande valor para a agricultura sustentável. Quando utilizado como cobertura verde, desempenha um papel fundamental na proteção do solo contra erosão, manutenção da umidade e melhoria da sua estrutura. Suas raízes vigorosas e profundas atuam na descompactação do solo, facilitando a absorção de água e nutrientes e, consequentemente, aumentando a produtividade das culturas subsequentes.
Além dos benefícios estruturais, o nabo forrageiro também contribui para o controle de plantas daninhas. A sua densa biomassa impede a emergência e o crescimento de espécies indesejáveis, reduzindo a necessidade de herbicidas e promovendo um manejo mais sustentável. Esta característica é extremamente benéfica em sistemas de agricultura orgânica, onde a gestão natural de pragas e ervas daninhas é prioritária.
O nabo forrageiro tem ainda se mostrado uma excelente opção para consórcios de culturas. Quando cultivado junto com outras espécies forrageiras, como as gramíneas, há uma sinergia que potencializa a produção e qualidade do pasto. O consórcio de nabo forrageiro com espécies como o milho e a braquiária, por exemplo, pode resultar em um incremento na produção de biomassa e melhora no valor nutritivo do pasto, proporcionando uma alimentação de qualidade superior para o gado.
Adicionalmente, o uso do nabo forrageiro em consórcios contribui para a diversificação do cultivo, que é uma estratégia essencial para o manejo integrado de pragas e doenças. A diversidade de plantas no campo dificulta a proliferação de patógenos específicos, aumentando a estabilidade do ecossistema agrícola. Assim, sua incorporação em sistemas de rotação de culturas ou consórcios promove um ambiente mais equilibrado e resiliente.
Em suma, as aplicações do nabo forrageiro como planta de cobertura verde e em consórcios com outras culturas são vastas e promissoras, alinhando-se às práticas de sustentabilidade e eficiência agrícola. Sua adoção nos sistemas de produção proporciona inúmeros benefícios agronômicos e ambientais, evidenciando sua relevância no contexto da agricultura moderna.
Integração Lavoura-Pecuária
A integração lavoura-pecuária desponta como uma das práticas mais eficientes para promover a sustentabilidade na agropecuária. Dentro deste contexto, o nabo forrageiro surge como uma solução promissora. Ao ser incorporado tanto em sistemas agrícolas quanto pecuários, o nabo forrageiro oferece múltiplos benefícios, potencializando os resultados em ambos os setores.
No que diz respeito à pecuária, o nabo forrageiro se destaca como uma excelente opção de forragem para alimentação animal. Rico em nutrientes essenciais, ele contribui significativamente para a dieta dos animais, promovendo o aumento de peso e melhorando a condição física geral dos rebanhos. Isso resulta em uma maior eficiência produtiva, ao mesmo tempo que possibilita a redução dos custos com alimentação, uma vez que o nabo forrageiro pode complementar ou substituir outras fontes alimentares mais onerosas.
Quanto à agricultura, a incorporação do nabo forrageiro proporciona uma série de vantagens agronômicas. Suas raízes profundas ajudam na descompactação do solo, melhorando a estrutura e promovendo um ambiente mais propício para o cultivo de outras culturas. Além disso, o nabo forrageiro tem a capacidade de reciclar nutrientes do subsolo, trazendo-os para camadas mais superficiais e tornando-os mais disponíveis para as plantas subsequentes. Esse processo não só melhora a fertilidade do solo, mas também reduz a dependência de insumos químicos, contribuindo para práticas agrícolas mais sustentáveis.
Por fim, a inserção do nabo forrageiro em sistemas integrados de lavoura e pecuária auxilia na gestão do solo e na conservação dos recursos naturais. A cobertura do solo proporcionada pela cultura minimiza a erosão, protege contra o escoamento superficial e a perda de matéria orgânica. Dessa forma, a integração do nabo forrageiro não só otimiza os recursos existentes, mas também promove um equilíbrio ecológico, gerando benefícios econômicos e ambientais em longo prazo.
Aspectos Agronômicos e Desafios
O nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) é uma planta amplamente cultivada devido à sua capacidade de crescer em solos pobres e apresentar uma resposta eficaz à adubação. Suas características agronômicas incluem uma elevada tolerância a condições adversas, o que contribui fortemente para a sustentabilidade agropecuária. Sua rusticidade permite a adaptação a uma variedade de tipos de solo, tornando-o uma opção viável em diversas regiões, inclusive aquelas com baixa fertilidade natural.
Entre os benefícios agronômicos do nabo forrageiro, destaca-se sua capacidade de melhorar a estrutura do solo. Suas raízes profundas ajudam a aumentar a porosidade do solo, facilitando a infiltração de água e a aeração. A decomposição do nabo forrageiro também adiciona matéria orgânica ao solo, aumentando sua fertilidade e contribuindo para a ciclagem de nutrientes.
Quando adubado adequadamente, com a aplicação de fertilizantes específicos, o nabo forrageiro pode atingir um crescimento robusto, promovendo uma maior cobertura do solo e protegendo-o contra erosão. Com vistas à sua incorporação, a condução da cultura é aceitável até o final de seu ciclo, porém é recomendável que seja realizada no auge da sua produção vegetal e que seja executada, preferencialmente, com rolo-faca. Pela sua agressividade e rápido crescimento, promove a rápida cobertura do solo controlando de forma eficaz a erosão, como também mantém, estimula e preserva a vida microbiana.
No entanto, a palatabilidade relativamente baixa do nabo forrageiro apresenta um desafio significativo na alimentação animal. Embora seja eficiente na ciclagem de nutrientes no sistema agropecuário, sua aceitação pelos animais como forragem direta é limitada.
Popularmente, têm-se usado abordagens alternativas, como a mistura do nabo forrageiro com outras culturas forrageiras mais palatáveis, para melhorar a aceitação pelos animais. Essas estratégias buscam equilibrar os benefícios agronômicos com a necessidade de oferta de alimento de qualidade aos rebanhos.
Uso como pasto apícola: A florada se dá no inverno. Pela intensidade e duração da florada, em média 30 dias, a produção de mel de alta qualidade (mel escuro) é mais uma alternativa de mercado e fonte adicional de renda. Para aumentar a amplitude e o tempo de florada, recomendam-se plantios sucessivos com intervalos entre 15 e 20 dias. Pode ser usado em pomares para desviar a atenção de insetos que estragam frutos ou flores (CATI)
Como Biodiesel: Seus grãos, com cerca de 40% de óleo quando esmagados, são mais uma opção agrícola para fins energéticos. O óleo, comprovadamente, presta-se à produção de biodiesel e, para tanto, já foi testado in natura e, pela sua eficiência, é utilizado como combustível alternativo no lugar do óleo diesel.
Esses aspectos agronômicos e desafios associados ao uso do nabo forrageiro são importantes considerações para agricultores e pecuaristas que buscam implementar práticas sustentáveis em suas operações. A compreensão das características inerentes a essa planta pode contribuir significativamente para a tomada de decisões informadas, maximizando seus benefícios dentro do contexto da sustentabilidade agropecuária.
Referências
CARVALHO, I. R.; SOUZA, V. Q.; NARDINO, M.; OLIVEIRA, A. C. Resultados experimentais em plantas forrageiras. Porto Alegre: Cidadela, 2016. (v. 50).
CARVALHO, I. R.; SZARESKI, V. J.; DEMARI, G.; SOUZA, V. Q. Produção e cultivo de espécies forrageiras. Porto Alegre: Cidadela, 2018. (v. 100)
LIMA, J. D.; ALDRIGHI, M.; SAKAI, R. K.; SOLIMAN, E. P.; MORAES, W. da S. COMPORTAMENTO DO NABO FORRAGEIRO (Raphanus sativus L.) E DA NABIÇA (Raphanus raphanistrum L.) COMO ADUBO VERDE. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 37, n. 1, p. 60–63, 2007. Disponível em: https://revistas.ufg.br/pat/article/view/1871. Acesso em: 03/01/2023.
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4588298/mod_resource/content/1/Leguminosas.pdf
https://elevagro.com/blog/caracterizacao-de-especies-leguminosas-forrageiras-parte-1/
http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/li/li01-forrageiras/cap12.pdf
https://www.matsuda.com.br/sementes-forrageiras/leguminosas-forrageiras
https://www.brseeds.com/leguminosas/sementes-nabo-forrageiro-caixa-com-2-0-kg
Como Citar:
Portal AGROECOBRASIL. ROCHA, Délcio César Cordeiro. Nabo Forrageiro (Raphanus sativus): Características e Utilidades. Série: Leguminosas Forrageiras nº5. Publicado em 2023 Disponível em: https://agroecobrasil.com/nabo-forrageiro-raphanus-sativus-l-caracteristicas-e-utilidades. Acesso em DIA/ MÊS/ ANO
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Sobre o coordenador do Site www.agroecobrasil.com:
Délcio César Cordeiro Rocha
Zootecnista - Escola Superior de Ciências Agrárias de Rio Verde- ESUCARV- GO
Especialista em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Centro-oeste UNIOESTE-PR
Mestrado em Agronegócios - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. UFRGS-RS
Doutor em Zootecnia - Universidade Federal de Viçosa. UFV-MG
Ministra as Disciplinas:
Agroeconegócios
Conservação e Manejo e de Fauna,
Zoologia,
Etologia e Bem Estar Animal,
Animais Silvestres,
Criação e Exploração de Animais Domésticos,
Extensão Rural,
Educação e Interpretação Ambiental
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG / Montes Claros. Para os cursos de Agronomia, Eng. Florestal, Eng. Agrícola e Ambiental , Zootecnia
Coordenador do Grupo de Estudos em Etologia e Bem-estar Animal - GEBEA
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