Ervilha Forrageira (Pisum sativum L.)Uma Alternativa Viável para a Agricultura em Regiões com Déficit Hídrico
Estudos sobre o uso das principais leguminosas - Ervilha Forrageira Série: Leguminosas Forrageiras Texto técnico /Revisão de literatura (nº10) Autor: Délcio César Cordeiro Rocha
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1/21/2023
Evilha Forrageira (Pisum sativum L.)
Estudos sobre o uso das principais leguminosas forrageiras
Série: Leguminosas Forrageiras
Texto técnico /Revisão de literatura (nº10)
Autor: Délcio Rocha
Introdução
Ervilha Forrageira (Pisum sativum L.)
A ervilha forrageira, cientificamente denominada Pisum sativum L., é uma leguminosa que tem demonstrado grande adaptabilidade ao cultivo em diversas condições climáticas, especialmente em ambientes temperados e subtropicais. Caracteriza-se pela sua capacidade notável de desenvolver-se mesmo sob condições de déficit hídrico, o que a torna uma cultura promissora para regiões onde a disponibilidade de água é limitada.
Entre as principais vantagens da ervilha forrageira, destaca-se a sua resistência ao estresse hídrico, uma característica crucial para a sustentabilidade agrícola em cenários de mudanças climáticas e escassez de recursos hídricos. Adicionalmente, esta cultura possui um ciclo de crescimento relativamente curto, permitindo colheitas mais rápidas e eficientes. Outro aspecto positivo é sua contribuição para a fixação de nitrogênio no solo, melhoria da estrutura do solo e incremento da biodiversidade, fatores que são essenciais para a saúde do ecossistema agrícola.
No entanto, é importante ressaltar que a ervilha forrageira não está isenta de desvantagens. A susceptibilidade a certas doenças e pragas, tais como oídio e pulgão, pode representar desafios significativos para os agricultores. Além disso, o rendimento da colheita pode variar dependendo das condições específicas do solo e clima, exigindo um manejo cuidadoso e informativo.
O uso da ervilha forrageira vai além do seu papel como cultura alimentar. Na agricultura moderna, ela tem se destacado como uma excelente opção para a rotação de culturas, ajudando na quebra de ciclos de pragas e doenças e na promoção de um sistema de cultivo mais equilibrado e sustentável. Esta planta também é valorizada como forragem, sendo uma fonte rica de nutrientes para o gado, o que amplia suas áreas de aplicação no setor agropecuário.
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Vantagens do Cultivo da Ervilha Forrageira
A ervilha forrageira (Pisum sativum L.) se destaca como uma excelente opção para agricultores, especialmente em regiões com déficit hídrico. Uma das principais vantagens é a produção abundante de forragem durante o inverno, quando muitas outras plantas não têm o mesmo desempenho. Sua alta fração proteica é outro benefício notável, fornecendo nutrientes essenciais tanto para a alimentação animal quanto para a melhoria do solo.
A palatabilidade da ervilha forrageira é altamente apreciada pelos animais, o que facilita sua aceitação e consumo. Além disso, a alta capacidade de rebrote permite múltiplas colheitas numa mesma estação, maximizando a produção e, consequentemente, o retorno econômico para os agricultores. Estudos demonstram que a ervilha forrageira pode rebrodar rapidamente após cortes, o que é uma vantagem significativa em comparação com outras espécies forrageiras.
Outra característica importante é a fixação de nitrogênio simbiótico. A ervilha forrageira forma uma relação simbiótica com bactérias fixadoras de nitrogênio, o que diminui a necessidade de fertilizantes nitrogenados. Este fator não só reduz custos, mas também favorece a sustentabilidade ambiental. Dados comparativos indicam que culturas de ervilha forrageira podem fixar entre 50 a 150 kg de nitrogênio por hectare, um valor substancial considerando a diminuição de insumos químicos.
A facilidade de implantação da ervilha forrageira também merece destaque. Ela apresenta uma germinação rápida e uma boa adaptação a diferentes tipos de solo, inclusive os mais pobres em nutrientes, o que a torna uma cultura versátil e de baixo custo. Estudos de caso, como o de uma propriedade rural no interior de São Paulo, mostram aumentos na produtividade e uma melhora significativa na qualidade do solo após a incorporação da ervilha forrageira no sistema de rotação de culturas.
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Desvantagens e Desafios do Cultivo
Apesar das inúmeras vantagens associadas ao cultivo da ervilha forrageira, é crucial reconhecer e abordar os desafios que esta cultura enfrenta. Entre as desvantagens notáveis está o seu ciclo curto para a produção de sementes, o que pode limitar a oferta de material de plantio em épocas subsequentes. Além disso, a ervilha forrageira apresenta um hábito decumbente, com caules que crescem próximos ao solo, exigindo assim a consorciação com outras espécies forrageiras para maximizar a eficiência do cultivo.
O hábito decumbente da ervilha forrageira impede que a planta se mantenha ereta, tornando-se suscetível a doenças e dificultando a colheita mecanizada. Consequentemente, é essencial consorciar a ervilha com outras espécies, como gramíneas, que podem proporcionar suporte estrutural e competir menos por recursos hídricos e nutrientes. Porém, essa prática requer planejamento criterioso e conhecimento técnico para selecionar espécies compatíveis que promovam uma integração eficiente e benefícios mútuos.
Outro desafio é a capacidade limitada da ervilha forrageira de tolerar solos compactados ou salinos. Soluções como a rotação de culturas e a utilização de técnicas de preparo do solo podem mitigar esses efeitos adversos. A implementação de uma gestão hídrica adequada, inclusive a irrigação controlada e o manejo da cobertura do solo, também é necessária para superar as limitações impostas pelo déficit hídrico.
Para otimizar o cultivo da ervilha forrageira, a adoção de práticas agrícolas sustentáveis e a utilização de tecnologias modernas podem ser benéficas. A pesquisa contínua sobre variedades mais resistentes e métodos de cultivo inovadores desempenha um papel vital na promoção da resiliência desta cultura. A conscientização dos agricultores sobre as boas práticas agronômicas e a assistência técnica especializada também são fundamentais para enfrentar os desafios e garantir o sucesso do cultivo da ervilha forrageira em regiões com condições climáticas adversas.
Formas de Utilização: Pastejo e Outras Aplicações
A ervilha forrageira (Pisum sativum L.) destaca-se como uma planta versátil para diversas práticas agrícolas, especialmente em regiões propensas a déficit hídrico. Uma das formas mais comuns de utilização é o pastejo direto, onde os animais têm acesso à planta no próprio campo. O pastejo direto permite a utilização eficiente dos nutrientes e minimiza a necessidade de transporte e armazenamento. Para um manejo adequado, recomenda-se o pastejo rotacionado, que propicia a recuperação do solo e a manutenção da qualidade da forragem, otimizando a produtividade.
Outra aplicação viável é o corte e transportação, que envolve a colheita da ervilha forrageira e seu envio imediato ao local de consumo. Esta prática é especialmente útil quando se deseja controlar a ingestão de nutrientes ou quando se precisa suprir lotes específicos de animais. Para maximizar os benefícios desta prática, o corte deve ser realizado no estágio fenológico ideal, geralmente no início da floração, garantindo um equilíbrio entre quantidade e qualidade nutricional da forragem.
A produção de silagem utilizando a ervilha forrageira é uma opção estratégica para armazenar alimento animal em épocas onde a disponibilidade de pastagem é reduzida. A silagem preserva os nutrientes da planta e garante seu fornecimento durante períodos de escassez. Técnicas adequadas de ensilagem, como a escolha de um ponto de corte ideal e a correta compactação do material, são cruciais para evitar perdas fermentativas e deterioração.
Por fim, a secagem da ervilha forrageira para produção de feno é uma prática acessível e eficiente para armazenar alimento. A secagem deve ser realizada em condições adequadas de arejamento e baixo índice de umidade. Esta técnica proporciona uma fonte estável de forragem desidratada, altamente nutritiva, que pode ser utilizada durante longos períodos, desde que seja armazenada em locais secos e ventilados.
A ervilha forrageira, portanto, oferece múltiplas formas de utilização na agricultura, cada uma com práticas de manejo específicas e períodos ideais de colheita para maximizar o valor nutricional e operacional. A versatilidade da planta torna-a uma excelente alternativa para qualquer sistema produtivo.
Pesquisa e Desenvolvimento
A contínua investigação científica é de suma importância para o aprimoramento das técnicas de cultivo e das utilidades da ervilha forrageira (Pisum sativum L.), particularmente em regiões propensas a déficits hídricos. Estudos recentes têm se concentrado em diversas áreas cruciais, desde o melhoramento genético até a implementação de inovações tecnológicas destinadas a maximizar a eficiência da produção.
Avanços significativos foram observados no campo do melhoramento genético, com a seleção de variedades de ervilha forrageira que demonstram resistência a condições de seca prolongada. Pesquisadores têm utilizado técnicas de cruzamento tradicional, bem como tecnologias avançadas como a edição de genes, para desenvolver cultivares mais resilientes. Essas variedades não apenas suportam melhor os ambientes áridos, mas também mantêm um bom perfil nutricional, essencial para a alimentação animal.
Além do melhoramento genético, as inovações tecnológicas no manejo do cultivo têm desempenhado um papel vital. A agricultura de precisão, que utiliza sensores e tecnologias de informação para monitorar e gerenciar as condições das plantações, tem sido incorporada no cultivo da ervilha forrageira. Sistemas de irrigação eficientes, como a irrigação por gotejamento, estão sendo adaptados para otimizar o uso da água, uma prática indispensável nas regiões com déficit hídrico.
Universidades e centros de pesquisa têm sido pilares fundamentais nessa jornada de desenvolvimento. Instituições acadêmicas de renome, em colaboração com organizações agrícolas, têm promovido estudos detalhados sobre práticas de manejo sustentável e a biofortificação da ervilha forrageira. Projetos de pesquisa multidisciplinares estão focados em práticas de cultivo que minimizem a necessidade de recursos naturais e maximizem a produtividade, promovendo a sustentabilidade agrícola.
Tais avanços não só contribuem para a viabilidade econômica do cultivo da ervilha forrageira, mas também oferecem soluções práticas para os desafios impostos pelas mudanças climáticas. A integração de conhecimento científico e técnicas inovadoras continua a moldar o futuro desta promissora leguminosa, posicionando-a como uma alternativa viável para a agricultura em regiões sujeitas a déficit hídrico.
Perspectivas de Mercado
A ervilha forrageira apresenta um potencial econômico significativo, especialmente em regiões com déficit hídrico. Este cultivo pode atuar como uma alternativa lucrativa para agricultores que buscam diversificar suas produções e reduzir os riscos associados às condições climáticas adversas. Atualmente, as tendências de demanda indicam um crescimento no interesse por plantas que podem prosperar em ambientes menos favoráveis à agricultura tradicional.
O mercado internacional também oferece grandes oportunidades para a exportação de ervilha forrageira. Países que enfrentam desafios semelhantes em termos de recursos hídricos limitados podem beneficiar-se da importação dessa cultura, que é adaptada para crescer em tais condições. Assim, os produtores locais têm a possibilidade de expandir seus negócios e explorar novos mercados além das fronteiras nacionais.
A adoção dessa planta pode ter um impacto positivo significativo nas economias locais e regionais. O cultivo da ervilha forrageira pode resultar no aumento da produção agrícola, criando mais empregos e adicionando valor às comunidades rurais. Além disso, a redução na necessidade de irrigação levanta o potencial para a conservação de recursos hídricos e a sustentabilidade ambiental. Isso não só melhora a qualidade de vida dos agricultores, como também apoia o desenvolvimento econômico sustentável.
As políticas públicas e os incentivos governamentais desempenham um papel essencial na viabilização dessa cultura em larga escala. Programas de financiamento, subsídios e acesso a recursos técnicos são cruciais para incentivar a adoção de práticas agrícolas inovadoras. Governos e entidades de apoio agrícola devem focar em educar os produtores sobre os benefícios da ervilha forrageira e fornecer a infraestrutura necessária para a sua implementação.
Em suma, as perspectivas de mercado para a ervilha forrageira são promissoras. Com o apoio adequado de políticas públicas e o interesse crescente entre os agricultores, esta planta pode se tornar um elemento chave na agricultura de regiões que enfrentam desafios relacionados ao déficit hídrico, promovendo um futuro mais sustentável e economicamente viável.
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Como Citar:
Portal AGROECOBRASIL. ROCHA, Délcio César Cordeiro. Ervilha Forrageira (Pisum Sativum L. ): Uma Alternativa Viável para a Agricultura em Regiões com Déficit Hídrico. Série: Leguminosas Forrageiras nº10. Publicado em 2023 Disponível em: https://agroecobrasil.com/ervilha-forrageira-pisum-sativum-luma-alternativa-viavel-para-a-agricultura-em-regioes-com-deficit-hidrico. Acesso em DIA/ MÊS/ ANO
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Sobre o coordenador do Site www.agroecobrasil.com:
Délcio César Cordeiro Rocha
Zootecnista - Escola Superior de Ciências Agrárias de Rio Verde- ESUCARV- GO
Especialista em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Centro-oeste UNIOESTE-PR
Mestrado em Agronegócios - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. UFRGS-RS
Doutor em Zootecnia - Universidade Federal de Viçosa. UFV-MG
Ministra as Disciplinas:
Agroeconegócios
Conservação e Manejo e de Fauna,
Zoologia,
Etologia e Bem Estar Animal,
Animais Silvestres,
Criação e Exploração de Animais Domésticos,
Extensão Rural,
Educação e Interpretação Ambiental
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG / Montes Claros. Para os cursos de Agronomia, Eng. Florestal, Eng. Agrícola e Ambiental , Zootecnia
Coordenador do Grupo de Estudos em Etologia e Bem-estar Animal - GEBEA
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