Leguminosas Forrageiras, Características Agronômicas e Uso na Alimentação Animal -História e o Potencial de Mercado
Estudos sobre o uso das principais leguminosas - Série: Leguminosas Forrageiras Texto técnico /Revisão de literatura (nº1) Autor: Délcio Rocha
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Doutor Zoo
1/7/2023
Principais Leguminosas Forrageiras:
Características Agronômicas e Uso na Alimentação Animal
Estudos sobre o uso das principais leguminosas forrageiras
Série: Leguminosas Forrageiras
Texto técnico /Revisão de literatura (nº1)
Autor: Délcio Rocha
Introdução
As leguminosas forrageiras desempenham um papel crucial na produção agropecuária, oferecendo tanto benefícios nutricionais quanto agronômicos significativos. Essas plantas têm a capacidade de fixar nitrogênio atmosférico no solo através de uma simbiose com bactérias do gênero Rhizobium, melhorando a fertilidade do solo e reduzindo a necessidade de adubação química. Tal característica é de extrema importância em práticas agrícolas sustentáveis e de baixo custo.
Este artigo será dedicado a explorar diversas espécies de leguminosas forrageiras, destacando suas características agronômicas, períodos de plantio e métodos de manejo eficientes. Dentre as espécies abordadas, discutiremos sobre seu valor nutritivo e a melhor forma de utilização na alimentação animal, atendendo as necessidades de diferentes espécies como bovinos, ovinos e caprinos.
Para zootecnistas, o conhecimento das leguminosas forrageiras é indispensável, visto que essas plantas contribuem significativamente para o bem-estar animal. Elas oferecem uma fonte rica de proteína, fibras e energia, elementos fundamentais para o crescimento e saúde dos animais. Além de benefícios nutricionais, a utilização de leguminosas forrageiras na dieta animal é uma prática sustentável que pode reduzir os custos com alimentação e promover uma produção agropecuária mais equilibrada e ecológica.
Por fim, é essencial reconhecer a importância dessas plantas no mercado agropecuário e na formulação de políticas públicas. O incentivo à produção e utilização de leguminosas forrageiras pode fomentar a sustentabilidade agrícola, melhorar a qualidade das pastagens e contribuir para a conservação do meio ambiente. Neste contexto, este artigo visa não apenas informar, mas também incentivar a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis e eficazes no manejo de leguminosas forrageiras.
Amendoim Forrageiro
O amendoim forrageiro (Arachis pintoi) é uma leguminosa perene que oferece uma combinação atrativa de alta produtividade e valor nutritivo, destacando-se significativamente nas práticas de nutrição animal. Primordialmente, necessita de solos bem drenados e férteis, preferindo aqueles com pH ligeiramente ácido a neutro. Idealmente, deve-se realizar a plantação em áreas onde a temperatura se mantenha acima de 22ºC, com precipitação anual entre 1.000 e 2.500 mm, garantindo um desenvolvimento robusto e contínuo da planta.
Os métodos de plantio mais eficazes para o amendoim forrageiro incluem o uso de sementes ou estolões, sendo recomendado o estabelecimento das plantas durante a estação chuvosa para assegurar uma boa germinação e estabelecimento inicial das mudas. Para otimizar o crescimento, é vital implementar práticas de manejo corretas, como a fertilização adequada e o controle eficiente de ervas daninhas.
No que tange ao manejo, a rotação de pastejo e o controle de altura de corte são fatores críticos para manter a saúde da leguminosa e promover a sua longevidade. Por conta da sua densidade foliar densa e tapete forrageiro, o amendoim forrageiro também pode ajudar na prevenção da erosão do solo, contribuindo para a sustentabilidade ambiental.
Um ponto crucial no cultivo do amendoim forrageiro é a vigilância contra doenças e pragas. A virose do mosaico e a cercosporiose são algumas das enfermidades que podem afetar esta leguminosa, exigindo a implementação de medidas de controle químico e biológico conforme a necessidade. Monitoramento regular e práticas de manejo integrado são imprescindíveis para minimizar os impactos adversos e garantir a produtividade.
Na alimentação animal, o amendoim forrageiro se evidência como uma excelente fonte de nutrientes para várias espécies, tais como bovinos, ovinos e caprinos. A consorciação com outras forrageiras, como gramíneas, é altamente recomendada para criar um pasto balanceado, aumentando o consumo voluntário e, consequentemente, a performance animal. Estudos recentes apontam benefícios adicionais, incluindo maior rendimento de leite e ganho de peso dos animais, associados ao consumo dessa leguminosa de alta qualidade.
Alfafa e Outras Leguminosas Importantes
A alfafa (Medicago sativa) é frequentemente considerada a rainha das leguminosas forrageiras devido ao seu elevado valor nutritivo. Rica em proteínas, vitaminas e minerais, a alfafa é amplamente utilizada na alimentação animal, especialmente para ruminantes, como bovinos e ovinos.
Seu cultivo é favorecido em solos bem drenados e com boa fertilidade, necessitando de manejo cuidadoso quanto à irrigação e controle de pragas. A alfafa é perene, com capacidade de regeneração após cortes frequentes, sendo uma excelente escolha para sistemas de produção intensiva de forragem.
Além da alfafa, outras leguminosas forrageiras merecem destaque, como a ervilha forrageira (Vicia sativa) e estilosantes (Stylosanthes sp.). A ervilha forrageira, por exemplo, é uma planta anual que se adapta bem a climas temperados e subtropicais. Ela tem um ciclo de crescimento rápido, o que a torna uma opção viável para rotações de culturas. Seu alto teor de proteínas e fibras beneficia a alimentação de ruminantes e pode ser utilizada tanto para pastejo quanto para produção de silagem.
Os estilosantes, por outro lado, são leguminosas perenes que se destacam pela sua resistência a solos ácidos e pela capacidade de fixar nitrogênio, melhorando a fertilidade do solo. Estas plantas são notáveis em sistemas de integração lavoura-pecuária, especialmente em regiões tropicais e subtropicais. Dentre as espécies de estilosantes, Stylosanthes guianensis e Stylosanthes capitata são amplamente cultivadas devido à sua alta palatabilidade e valor nutricional, beneficiando o gado em sistemas de pastejo contínuo ou rotacionado.
Cada uma dessas leguminosas oferece vantagens específicas, contribuindo significativamente para a saúde e produtividade dos animais. A escolha da espécie adequada deve considerar condições climáticas, tipo de solo e requisitos de manejo, maximizando os benefícios na alimentação animal e na sustentabilidade do sistema agrícola.
Leguminosas Menos Conhecidas: Feijão-Miúdo, Labe-Labe, Lotus El Rincón e Nabo Forrageiro
Entre as leguminosas forrageiras menos conhecidas, destacam-se o feijão-miúdo (Phaseolus lunatus), labe-labe (Lablab purpureus), Lotus el rincón (Lotus spp.), e nabo forrageiro (Raphanus sativus var. oleiferus). Cada uma dessas espécies possui características agronômicas específicas que as tornam valiosas tanto em sistemas de consorciação quanto na alimentação animal.
O feijão-miúdo, por exemplo, é conhecido pela sua alta produção de biomassa e capacidade de fixação de nitrogênio. Essa leguminosa se adaptada bem a solos pobres e possui um ciclo rápido, o que facilita seu manejo agronômico e aumenta a eficiência no consórcio com outras culturas.
O labe-labe é outra leguminosa de grande relevância. Comum em regiões tropicais, ela é valorizada pela sua alta resistência à seca e capacidade de crescimento em solos menos férteis. Além disso, o labe-labe apresenta excelentes níveis de proteína, tornando-se uma opção nutritiva para a alimentação animal. Estudos recentes destacam seu uso integrado em sistemas de rotação com milho e sorgo, promovendo benefícios em produtividade e conservação do solo.
O Lotus el rincón, por sua vez, destaca-se por sua elevada palatabilidade e valor nutricional. Essa leguminosa é bastante eficiente na fixação de nitrogênio e apresenta uma tolerância moderada à salinidade, o que a torna uma escolha adequada para áreas afetadas por esse problema. O Lotus é frequentemente utilizado em pastagens permanentes, melhorando a qualidade do forragem disponível para os ruminantes.
Por fim, o nabo forrageiro, uma crucífera, é frequentemente utilizado como planta de cobertura e forragem. Ele se destaca por seu rápido crescimento e capacidade de reciclar nutrientes do solo, especialmente nitrogênio e fósforo. Sua incorporação no solo após a colheita contribui para a melhoria da estrutura e fertilidade do solo, além de fornecer uma opção de pastagem altamente palatável durante o inverno.
A implementação de leguminosas menos conhecidas, como feijão-miúdo, labe-labe, Lotus el rincón e nabo forrageiro, demonstra ser uma prática benéfica para sistemas de produção sustentável, promovendo a biodiversidade e a saúde do solo ao tempo que fornece forragem de alta qualidade para a alimentação animal.
Pega-Pega e Serradela: Características e Utilização
Pega-pega (Centrosema spp.) e serradela (Ornithopus sativus) destacam-se como leguminosas forrageiras de grande importância na nutrição animal. A pega-pega é uma espécie perene com alto valor nutritivo, conhecida por sua resistência a solos ácidos e baixa fertilidade. Sua adaptação a diferentes condições climáticas e solos faz dela uma escolha versátil para pastagens. O plantio ideal ocorre no início da estação chuvosa, garantindo um bom estabelecimento.
A serradela, por sua vez, é uma leguminosa anual com grande potencial forrageiro, especialmente em solo arenoso e pobre em nutrientes. Esta planta apresenta vantagens agronômicas significativas, como a fixação de nitrogênio e a melhoria da estrutura do solo. O plantio deve ser realizado no outono, preferencialmente com boa umidade, para assegurar um desenvolvimento vigoroso e eficiente.
O manejo adequado dessas leguminosas é crucial para maximizar sua produtividade. No caso da pega-pega, é recomendável realizar cortes regulares para estimular o rebrote e manter a qualidade nutritiva. Para a serradela, é importante monitorar o desenvolvimento das plantas e evitar o pastoreio excessivo, que pode comprometer o ciclo de produção.
Ambas as leguminosas podem ser utilizadas em consórcio com gramíneas, resultando em uma pastagem mais equilibrada e produtiva. Este consórcio é benéfico para diferentes espécies animais, incluindo bovinos, ovinos e caprinos, proporcionando uma dieta rica em proteínas e melhorando a saúde do rebanho.
Recentes avanços em pesquisas têm demonstrado os múltiplos benefícios das leguminosas pega-pega e serradela na alimentação animal. Estudos indicam aumento na taxa de crescimento e na produção de leite quando essas plantas são incluídas na dieta dos animais. Tais evidências reforçam a importância do uso dessas leguminosas em sistemas de produção sustentáveis.
O Papel das Leguminosas Forrageiras no Bem-Estar Animal e Políticas Públicas
As leguminosas forrageiras desempenham um papel crucial no bem-estar animal, contribuindo significativamente para a saúde e produtividade do rebanho. Estas plantas são ricas em proteínas, minerais, e vitaminas, oferecendo uma dieta balanceada que permite maior ganho de peso e melhor condição corporal dos animais, resultando em uma produção mais eficiente de carne e leite. A inclusão dessas leguminosas na alimentação animal também pode melhorar a digestão e reduzir a dependência de suplementos alimentares sintéticos, promovendo uma abordagem mais natural e sustentável.
Além das vantagens nutricionais, o cultivo de leguminosas forrageiras impacta positivamente o solo e o ambiente. Elas têm a capacidade de fixar nitrogênio atmosférico, melhorando a fertilidade do solo e reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos. Essa característica não somente reduz os custos de produção, mas também diminui a pegada ambiental da pecuária. A rotação de culturas com leguminosas também ajuda a controlar pragas e doenças, contribuindo para uma agricultura mais resiliente e sustentável.
Em termos de políticas públicas, diversos governos e instituições de pesquisa ao redor do mundo estão incentivando a adoção das leguminosas forrageiras. Programas de financiamento, treinamentos e projetos de extensão rural são algumas das iniciativas para promover o conhecimento e a utilização dessas plantas em maior escala. A pesquisa científica contínua também busca desenvolver variedades mais resistentes e produtivas, bem como técnicas de manejo eficientes para maximizar os benefícios dessas culturas.
Embora existam desafios significativos para a expansão das leguminosas forrageiras, incluindo limitações de conhecimento técnico e resistência inicial dos produtores, o mercado para essas culturas está crescendo. Com o aumento da conscientização sobre a importância da sustentabilidade na pecuária e os benefícios agronômicos dessas leguminosas, há uma tendência positiva para a sua adoção mais ampla. O apoio contínuo de políticas públicas e o acesso a inovações tecnológicas são fundamentais para superar os obstáculos e garantir um futuro próspero para o uso das leguminosas forrageiras.
Referências
CARVALHO, I. R.; SOUZA, V. Q.; NARDINO, M.; OLIVEIRA, A. C. Resultados experimentais em plantas forrageiras. Porto Alegre: Cidadela, 2016. (v. 50).
CARVALHO, I. R.; SZARESKI, V. J.; DEMARI, G.; SOUZA, V. Q. Produção e cultivo de espécies forrageiras. Porto Alegre: Cidadela, 2018. (v. 100)
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4588298/mod_resource/content/1/Leguminosas.pdf
https://elevagro.com/blog/caracterizacao-de-especies-leguminosas-forrageiras-parte-1/
http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/li/li01-forrageiras/cap12.pdf
https://www.matsuda.com.br/sementes-forrageiras/leguminosas-forrageiras
Como Citar:
Portal AGROECOBRASIL. ROCHA, D. C. C. Leguminosas forrageiras, Características Agronômicas e Uso na Alimentação Animal -História e o Potencial de Mercado. Série: Leguminosas Forrageiras, Artigo Técnico nº 1. ano 2023 disponível em https://agroecobrasil.com/educacao-ambiental-midias-e-educomunicacao-caminhos-para-a-conscientizacao-e-acao-ambiental. Acesso em DIA/ MÊS/ ANO
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Sobre o coordenador do Site www.agroecobrasil.com:
Délcio César Cordeiro Rocha
Zootecnista - Escola Superior de Ciências Agrárias de Rio Verde- ESUCARV- GO
Especialista em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Centro-oeste UNIOESTE-PR
Mestrado em Agronegócios - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. UFRGS-RS
Doutor em Zootecnia - Universidade Federal de Viçosa. UFV-MG
Ministra as Disciplinas:
Agroeconegócios
Conservação e Manejo e de Fauna,
Zoologia,
Etologia e Bem Estar Animal,
Animais Silvestres,
Criação e Exploração de Animais Domésticos,
Extensão Rural,
Educação e Interpretação Ambiental
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG / Montes Claros. Para os cursos de Agronomia, Eng. Florestal, Eng. Agrícola e Ambiental , Zootecnia
Coordenador do Grupo de Estudos em Etologia e Bem-estar Animal - GEBEA
Coordenador do PROGRAMA de Extensão: “Ambiente em Foco/ "Meio- ambiente e Cidadania" e dos Projetos:
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